Mais um dia sentado em frente à
tela do computador. Tento ajustar as configurações do monitor de modo que não
emita muita luz a ponto de prejudicar minha visão. Isso tira o foco quando
estou lendo. A vista vai ficando cansada.
Não me sinto confortável na
cadeira. Parece que ela está sempre torta e não consigo achar um lugar para
deixar meus pés. O encosto nunca está bom. Ou ele está muito pra trás ou muito
pra frente. E acho que isso está prejudicando minha coluna.
A caneca de leite achocolatado à
minha esquerda está lentamente esfriando enquanto decido quais músicas
escutarei hoje. Devo ajustar o volume de modo que eu possa ouvir os detalhes da
música, mas que não fique alto a ponto de incomodar a mim e as outras pessoas
da casa.
As cortinas do quarto estão
fechadas. Estou ao lado da janela e não quero que a luz bata em meu rosto. A
porta do quarto está fechada. Não quero as pessoas passando pelo corredor e
vendo o que eu estou fazendo aqui no quarto, mesmo que não seja nada que chame
atenção. Está escuro aqui dentro, exceto pela luz do monitor.
Abas estão abertas no navegador.
Redes sociais, sites de notícias, fóruns etc. Tudo isso aberto ao mesmo tempo.
Estou sempre alternando entre eles. Mesmo que não tenha nada novo, continuo
olhando as páginas.
(...)
Já é tarde. A maioria das
pessoas já foi dormir e eu ainda estou rolando as páginas. Pacotes de biscoitos
e canecas estão espalhados pela escrivaninha. Os farelos me incomodam, mas eu
apenas jogo tudo para o lado. Só para não ficar na escrivaninha e penicando
quando eu apoio o braço.
Tomo um banho e vou direto pra
cama. Deito de bruços com os braços embaixo do travesseiro.
Mais um dia perdido. Mais uma
semana perdida na frente do computador.
“Amanhã vai ser diferente” –
digo pra mim mesmo. – “Vou ter atitude e fazer algo produtivo. Vou ler alguns
livros. Vou escrever alguma coisa sobre o mundo.”
E durmo. Durmo realmente
acreditando que amanhã acordarei mais disposto. Realmente pensando que amanhã
levantarei e serei uma pessoa que faz algo significativo para este mundo.
Mas, então, o amanhã chega, e
nada mudou. O marasmo de ontem está se repetindo. Tenho a sensação de estar
levando a vida na inércia. A sensação de viver só por não querer morrer.
E a pior parte é que eu não
posso culpar ninguém. Apenas a mim mesmo.
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