quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Inércia


Mais um dia sentado em frente à tela do computador. Tento ajustar as configurações do monitor de modo que não emita muita luz a ponto de prejudicar minha visão. Isso tira o foco quando estou lendo. A vista vai ficando cansada.

Não me sinto confortável na cadeira. Parece que ela está sempre torta e não consigo achar um lugar para deixar meus pés. O encosto nunca está bom. Ou ele está muito pra trás ou muito pra frente. E acho que isso está prejudicando minha coluna.

A caneca de leite achocolatado à minha esquerda está lentamente esfriando enquanto decido quais músicas escutarei hoje. Devo ajustar o volume de modo que eu possa ouvir os detalhes da música, mas que não fique alto a ponto de incomodar a mim e as outras pessoas da casa.

As cortinas do quarto estão fechadas. Estou ao lado da janela e não quero que a luz bata em meu rosto. A porta do quarto está fechada. Não quero as pessoas passando pelo corredor e vendo o que eu estou fazendo aqui no quarto, mesmo que não seja nada que chame atenção. Está escuro aqui dentro, exceto pela luz do monitor.

Abas estão abertas no navegador. Redes sociais, sites de notícias, fóruns etc. Tudo isso aberto ao mesmo tempo. Estou sempre alternando entre eles. Mesmo que não tenha nada novo, continuo olhando as páginas.


(...)

Já é tarde. A maioria das pessoas já foi dormir e eu ainda estou rolando as páginas. Pacotes de biscoitos e canecas estão espalhados pela escrivaninha. Os farelos me incomodam, mas eu apenas jogo tudo para o lado. Só para não ficar na escrivaninha e penicando quando eu apoio o braço. 

Tomo um banho e vou direto pra cama. Deito de bruços com os braços embaixo do travesseiro. 

Mais um dia perdido. Mais uma semana perdida na frente do computador.

“Amanhã vai ser diferente” – digo pra mim mesmo. – “Vou ter atitude e fazer algo produtivo. Vou ler alguns livros. Vou escrever alguma coisa sobre o mundo.”

E durmo. Durmo realmente acreditando que amanhã acordarei mais disposto. Realmente pensando que amanhã levantarei e serei uma pessoa que faz algo significativo para este mundo.

Mas, então, o amanhã chega, e nada mudou. O marasmo de ontem está se repetindo. Tenho a sensação de estar levando a vida na inércia. A sensação de viver só por não querer morrer.

E a pior parte é que eu não posso culpar ninguém. Apenas a mim mesmo.